domingo, 11 de maio de 2008

Quatro contributos para a paz

Novo ano, novas metas, novos propósitos para que o mundo viva em paz... Neste espírito, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu quatro tópicos para este ano: 2008 é Ano Internacional das Línguas, Ano Internacional da Batata, Ano Internacional do Saneamento e Ano Internacional do Planeta Terra.

Em Novembro de 2007, uma notícia insólita chamava a atenção para um risco concreto: dois idosos de uma pequena etnia indígena do Sudeste do México discutiram e cortaram relações. Eles são os únicos que falam a língua zoque e, com esta atitude, acentuaram o perigo de extinção deste idioma.

Um estudo recente da National Geographic Society e do Instituto Living Tongues afirma que a cada 14 dias extingue-se uma língua, e dão o alarme: até ao final do século xxi terão desaparecido 3500 em todo o mundo. A mesma fonte diz que 80 por cento da população mundial fala 83 grandes idiomas, ao passo que existem 3005 pequenas línguas que são utilizadas apenas por minorias, desde um ou dois falantes a poucos milhares. Por outro lado, mais de metade das línguas faladas não têm registos escritos e extinguem-se ao morrer o seu último falante.

Face a este cenário, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2008 Ano Internacional das Línguas, dizendo que o multilinguismo promove a verdadeira unidade dos povos, quando entendidos na sua diversidade.

É intenção da ONU, através da Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), promover, proteger e preservar a diversidade das línguas e das culturas a nível mundial. Para o conseguir, quer que cada país incentive e desenvolva políticas que permitam a cada língua ou comunidade linguística usar a sua primeira língua (ou língua materna), tanto no ensino, na cultura, como no ciberespaço. Ao mesmo tempo, incentiva cada pessoa a ser multilingue, isto é, a dominar outra língua nacional, regional e/ou internacional. A Unesco é taxativa: só através do multilinguismo todas as línguas podem encontrar o seu lugar no mundo globalizado.


O estrelato da batata


Falar de batatas talvez te leve a pensar de imediato em batatas fritas, por certo o prato predilecto. Se ajudaste a tua mãe a descascá-las, viste que há umas de casca vermelha, precisamente as melhores para fritar, e outras de casca amarela, óptimas para cozer. Também já reparaste no hipermercado que há a batata-doce. Todavia, sabias que existem 5000 variedades de batata? Sabias que este tubérculo é originário da América do Sul e que no Peru se cultivam perto de 3000 espécies?

A batata chegou à Europa com os navegadores espanhóis no século xvi. Mas as pessoas não a aceitaram bem e davam-na aos animais. Já na Ásia, adoptaram-na de imediato. Até lhe chamam «noz da Terra». A China é o maior produtor mundial: 73 milhões de toneladas por ano. Ela chegou a África em 1880, levada pelos colonos alemães e ingleses. E em meados do século xx implantou-se no Médio Oriente, em pleno deserto, num ambiente muito diferente das alturas da cordilheira dos Andes, onde nasceu.

A batata é o quarto alimento mais consumido no mundo, depois do milho, do trigo e do arroz. A produção anual ronda as 330 milhões de toneladas. É por isso que as Nações Unidas, através da Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO), promovem o Ano Internacional da Batata, para reflectir sobre a importância que este tubérculo tem na luta contra a fome e a pobreza. Rica em vitamina C e em potássio, ela é muito valiosa na luta contra a desnutrição.

Quando se calcula que a população mundial vai aumentar cerca de 60 milhões de pessoas por ano – rondará os 9,5 mil milhões de habitantes em 2050 –, e que este crescimento se fará sobretudo nos países pobres, o desafio não é irrisório. Por dois motivos.

Um é de esperança: a batata é um tesouro enterrado. Adapta-se bem aos solos, cresce rapidamente, exige poucos gastos e produz com abundância. Em 120 dias podem-se colher de 25 a 35 toneladas numa área do tamanho de um campo de futebol. A outra razão é de preocupação: a produção de batata concentra-se numa espécie, a «Solanun tuberosum». Se uma praga ou um predador dizimarem esta variedade, a consequência será a fome.

O sítio oficial do Ano Internacional da Batata é: www.potato2008.org.

Limpar o mundo

Ao chegar a casa, para ti é fácil abrir a torneira, lavar as mãos, beber água, tomar banho… A louça fica limpa na máquina ou no lava-loiça, e todos os detritos vão para os esgotos.

Mas esta realidade é impossível para quase metade da população mundial: 2,6 mil milhões de pessoas, entre elas 980 milhões de crianças (90 vezes a população de Portugal), não dispõem de saneamento básico.

Calcula-se que 42 mil pessoas morrem, cada semana, devido a doenças relacionadas com a má qualidade da água que consomem, por haver lixo amontoado perto de casa ou nas ruas que frequentam, e por não terem uma higiene saudável. Esta é também a causa da morte de milhão e meio de crianças por ano. Basta lembrar que a diarreia é a segunda causa de mortalidade infantil, depois das doenças respiratórias. Ela acontece pelo simples facto de as crianças brincarem na rua e levarem as mãos sujas à boca e, com isso, criarem infecções.

É para melhorar a situação destas pessoas que as Nações Unidas lançaram o Ano Internacional do Saneamento. O objectivo é suscitar políticas que garantam saneamento básico, correcta eliminação de resíduos e acesso de qualidade a fontes de água potável.

Chegar lá exige também medidas pessoais, como adoptar as regras elementares da higiene: lavar as mãos após qualquer actividade conspurcante e antes das refeições; tomar banho com frequência; lavar os dentes; ter o cabelo lavado e penteado; vestir sempre roupa limpa; e manter os espaços limpos.

Encontra mais informações no sítio www.sanitationyear2008.org.

Pensar no nosso planeta

Com o lema «Ciências da Terra para a Sociedade», o Ano Internacional do Planeta Terra vai reflectir sobre os riscos a que a estamos sujeitos, em consequência de acidentes naturais ou motivados por causas humanas, e pensar sobre o modo de tornar acessíveis de uma forma sustentável os recursos naturais.

Volta ao verso da capa e ajuda a Audácia a preparar o seu número especial de Abril. Será o nosso número verde, dedicado às causas ambientais.

Por: FERNANDO FÉLIX

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